domingo, 1 de outubro de 2017

A Beleza da Esperança

Os seres humanos  parecem estar cada vez mais sozinhos,  Os tempos atuais   se mostram semelhantes ao tempo de Babel, descrito na Bíblia (Gen 11, 1-9). É tamanha confusão proporcionada pela facilidade de comunicação que está difícil deles se entenderem. Parece que quanto mais fácil é se comunicarem, menos se entendem entre si.  Cada um fala sua própria língua e deseja ser compreendido, aceito e elogiado. Cada pessoa tem de si a melhor imagem e deseja ser o modelo para todas as outras. 

 Os indicadores usados por quem gosta de observar apontam  para mundo cada vez mais cheio de diversidades, povoado por milhares de déspotas, monarcas de suas próprias vidas. 

 Por meio da propaganda a serviço de ideologias que pretendem prevalecer no mundo todo, tem havido um verdadeiro culto à feiura. Parece que a necessidade de se destacar tem levado artistas à ousadias  extremas, buscando a feiura ao invés da beleza, da qual se tornam cada mais incapazes. O Documento Via Pulchritudinis esclarece aquilo que sentimos e não sabemos dizer:

"Na verdade, mesmo as flores cativantes do mal fascinam: "Você é do céu mais alto ou do abismo, ó beleza?" ponderou Baudelaire. E Dimitri Karamazov (Irmãos Karamazov, de Fiódor Dostoiévski) confiou a seu irmão Aliocha: "A beleza é uma coisa terrível. É a luta entre Deus e Satanás, e o campo de batalha é o meu coração". Se a beleza é a imagem do Deus criador, também é filha de Adão e Eva e, por sua vez, marcada pelo pecado. A pessoa humana corre o risco de cair na armadilha da beleza tomada por si mesma - o ícone torna-se ídolo, o meio que engole o fim, a verdade que aprisiona, atrapalha  e faz as pessoas caírem, devido a uma formação inadequada dos sentidos e à falta de uma boa educação em relação à beleza.”

Se os acontecimentos seguirem por esse curso, logo o ser humano será incapaz do belo. Ficará cada vez mais imbecilizado voltado cada vez mais para os prazeres físicos e se tornando incapaz de observar a beleza de um pôr-do-sol, a harmonia das formas e cores numa flor, e muito menos produzir obras de arte cujos traços harmonizam com os  aspectos mais elevados do seu ser. Nem mesmo será capaz de ouvir uma música mais elaborada, que busque atingir o seu interior, onde a alma se manifesta, livre da ditadura dos sentidos. 

Esse caminho de agora é triste e sombrio, difere totalmente do Reino de Deus ensinado por Nosso Senhor Jesus Cristo, o Reino da Paz do Amor e da Alegria, onde os seres humanos, por serem os mais evoluídos entre os seres dotados de aparelho biológico e  por possuirem a alma que os torna semelhante ao Criador, vivem dominando harmoniosamente toda a criação para, junto com ela, dar cada vez  mais e maior glória a Deus, em situação ainda melhor do que a de Adão e Eva no paraíso. Isso porque, agora a humanidade tem Jesus Cristo, o Filho de Deus  feito homem. Ele, que depois de ter se tornado o Caminho de volta do filho pródigo à casa do Pai, continua entre eles, na forma Eucarística,  sendo o alimento que nutre e une a alma ao corpo humano tornando-o capaz de transcender e se comunicar com o Pai, na forma mais elevada de humanidade. 

 A humanidade não pode decair tanto, paradoxalmente,  em tempo de tantos recursos tecnológicos. Urge buscar algo comum a todos os seres humanos, que os identifique e os façam sentir orgulho da própria espécie e os faça sentir  ligados uns com os outros, algo que seja comum a todos.  O filósofo inglês Roger Scruton,  no seu livro “Beleza”, ressalta que "a beleza é um valor real e universal ancorado em nossa natureza racional e que o senso do belo desempenha um papel indispensável na formação do nosso mundo”. ”A beleza salvará o mundo” disse Fiódor Dostoiévski no livro O Idiota; e o documento Via Pulchritunis nos explica o sentido, 

"A beleza salvará o mundo", porque essa beleza é Cristo, a única beleza que desafia o mal e triunfa sobre a morte. Por amor, o "mais belo dos filhos dos homens" tornou-se "o homem das dores", "sem beleza, sem majestade, nenhum olhar para atrair os nossos olhos" (Is 53, 2), e assim ele concedeu a cada  ser humano, a plenitude de Sua beleza, Sua dignidade e Sua verdadeira grandeza. Em Cristo, e somente nEle, nossa via crucis se transforma  na Sua  via lucis , o caminho de luz  e  na via pulchritudinis, o caminho da beleza.”

Cristo é o Salvador da Humanidade, em todos os tempos. Para o nosso, Ele quer manifestar a Sua Beleza.

 A partir da Sua Igreja ele manifesta  a Sua Salvação trazendo à tona toda a Beleza produzida ao longo de seus dois milênios. A Beleza da Verdade e do Amor explícitos  nos atos de Sua Esposa em todo esse tempo.

O Simpósio “Preservação do Patrimônio Artístico & Cultural Católico” acontecido nos dias 25 e 26 de agosto de 2017, no Teatro Tuca, junto à Pontifícia Universidade Católica, PUC, em São Paulo, SP., mostrou como acessar os tesouros da Igreja e disponibilizá-los à toda a humanidade, e assim, trazer de volta a apreciação da Beleza e da Verdade comuns a todos  os povos, independente das suas geografias, etnias e culturas. 

Ficou evidente a necessidade da formação dos jovens, especialmente os futuros sacerdotes, no conhecimento da arte sacra. É muito importante  que recebam informações e estudos sobre Arte,  História da Arte, História da Igreja  para se tornarem capazes de conectar todas as gerações de católicos por meio da Beleza dos arquivos das nossas Paróquias e do nosso patrimônio artístico e cultural, incluindo o patrimônio intangível e o significado de cada parte dele.

Os aspectos jurídicos, tão importantes. O simpósio esclarece que os órgãos estatais de defesa do Patrimônio Histórico, ao contrário de tentar impedir o trabalho dos padres na conservação das igrejas, estão prestando um verdadeiro serviço à comunidade católica de todos os tempos, preservando o trabalho de quem os realizou com tanto amor, para que as futuras gerações saibam da longa corrente de amor e dedicação que une a sua geração às primeiras da cristandade. 

Muito importante conhecer o Acordo Brasil-Santa Sé, que reconhece que as riquezas culturais da Igreja  são integrantes do patrimônio etnográfico brasileiro, fazem parte da formação da identidade do nosso povo, estão na sua raiz desde o descobrimento. Por tal motivo, o governo brasileiro é responsável pela manutenção e cuidado desse tesouro, que pertence à toda a Nação, e que, obviamente deve estar sempre sob a tutela e proteção da Igreja que se compromete a  facilitar o acesso a ele a todos os que desejarem conhecê-los e estudá-los.

Neste trabalho buscamos as indicações e citações das ricas conferências daqueles dois dias. Com alegria verificamos como é rica e prestimosa a  Mãe Igreja!  A grande maioria do que será necessário para implantar as resoluções  surgidas no Simpósio a Igreja já  tem disponibilizados  estudos profundos e em detalhes práticos nos  documentos como a Via Pulchritudinis e a Carta CircularA Função Pastoral dos Museus Eclesiásticos”. 

Podemos ver que a Mãe Igreja já nos dá tudo mastigado, em preciosos trabalhos de seus filhos. Basta que, abramos os corações para enchê-los de esperança e dos estímulos necessários para empreendermos um novo tempo de preciosas descobertas dos tesouros da Igreja. Com certeza, eles matarão a fome do mundo: fome de Paz, Amor e Alegria. Um mundo cujos habitantes são saciados de Cristo feito alimento é de uma beleza e riquezas  inimagináveis.

Avante!!!
 Giselle Neves Moreira de Aguiar
 Sorocaba, SP .  

Na festa de Santa Terezinha do Menino Jesus.

Links citados

A Via Pulchritudinis

Simpósio "Preservação do Patrimônio Artístico  & Cultural Católico"

A Beleza da Esperança

Os seres humanos   parecem estar cada vez mais sozinhos,   Os tempos atuais   se mostram semelhantes ao tempo de Babel, descrito na Bíblia...